Raízes



Voltei. Foi isso que me veio à mente quando pude respirar o ar da terra que me fez nascer. Entrar na casa em reforma, sair com alguém que fez e sempre vai fazer parte de tudo. As primas, os tios, a avó e os amigos que realmente importam. É muito bom estar de volta.

É inevitável o instante em que vamos nos despedir dos objetivos comuns para dar lugar à felicidade.

Às vezes é complicado. Temos medo e insegurança. Entretanto, algo mágico pode acontecer e o pior muitas vezes se ausenta nos proporcionando a paz.

Estranho como ocorre na hora certa, na maturidade escolhida e no crescimento do longe

sempre presente.




                 _Manuela Felix_

Dezembro



Fui tentada a falar do negativismo e de todas as coisas que, aparentemente, não deram certo este ano. Eu sei que ainda não comprei a minha casa, não aprendi a dirigir, não fui para outro país e nem tive todos que eu amo por perto.

Entretanto, também sei quantas vezes olhei o mar com as pessoas e as lembranças felizes que 2013 me proporcionou.

Conversei um pouco com bons amigos. Minha irmã, de madrugada, me contou histórias e os planos para 2014 são as flores da primavera deste verão. O meu leitor foi companheiro e aturou, com disciplina, todas as minhas transições.

Sinto-me feliz por ser lida, interpretada e questionada. Caso você conclua que eu não tenho jeito para escrever, eu lhe digo: concordo plenamente.

Eu sou boa no sentimento, mas a palavra traduz minha perturbação inconstante. Então seguirei no erro e continuarei escrevendo por um cotidiano mais poético.


Feliz 2014!


                                   _Manuela Felix_

Escrito



A poeira no ar e para mim era tão sensível percebê-la. Tinha fim, mas o que me causava encantamento era um pó brincando com o vento. Os carros pela rua em noite. O muro estreito e os meus passos rastejavam para um lugar que eu não queria ir.

Entretanto, nem tudo foi desalento. Havia uma conversa de tantos planos. Um sonho com passado envolvendo o presente e predestinando o futuro. Maktub! Estava escrito em alguma folha de papel esquecida, intitulada pela minha história.

O cansaço, a velhice, o peso maior, o acumulo das decepções... Isso compunha a beleza do medo em ter que se aproximar.

Não me pergunte de quem estou falando ou de que. Pode ter certeza leitor, se pensar um pouco, vai descobrir.  Portanto, não me questione tanto; não me deixe ainda mais confusa.

A aula foi à distância e a nota hipócrita, por incrível que pareça, máxima. Mas do que me vale isso? Eu só penso na poeira dançando, cantando...


para mim.

                             _Manuela Felix_

SMASH



Com uma falha na conexão 3G tentei muitas vezes postar a foto no Instagram. Era um momento especial que desejava compartilhar com todos os meus contatos, seguidores e afins. Precisei desligar o celular, esperar um tempo, ir à cozinha, abrir a geladeira, comer, ligar mais uma vez o aparelho e iniciar o processo obtendo êxito. A foto foi postada, os seguidores curtiram e outros, como sempre, criticaram. Faz parte.

Depois me vieram tantas situações este ano em que precisei começar do zero para ver o erro, ceder a minha vontade para inclinar os ouvidos e escutar os mendigos espalhados no cotidiano.

Tudo é tão sombrio quando não temos mais o controle e perdermos o que nos restou. A última lembrança, o amigo, as ideias e até a si próprio.

Eu perdi muito. Tive medo na luz da cidade, frio nos raios solares das 11h, fome na rua esquecida das estradas para lugar nenhum, pois decidi não ter mais controle.

Alguns dirão que estou mentindo, mas o que será de nós se nos importarmos tanto com o que terceiros vão concluir? Enquanto falam, vou distribuir a vida acima de toda dor.

Tenho saudades da minha casa.

Do cheiro no meu jardim.


                                 _Manuela Felix_

Ônibus



A característica era definida por: lotado com a rotina de quem trabalha, estuda e luta diariamente. Eu estava na porta dos fundos totalmente presa, quando vi um lugar vazio e frio para acabar com as câimbras na visão comprometida pela falta do que ouvir.

Foi quando do meu lado esquerdo a música invadiu as minhas lembranças e, depois de muito tempo, tive vontade de cantar. Tudo isso porque um cara da favela esqueceu o seu fone de ouvido e agraciou a todos os estressados presentes com um som do Tim Maia Racional.

Ai foi quando me lembrei de que, no passado, eu estava no meu quarto admirando a obra desse grande cantor brasileiro e compartilhava a minha paixão com um ex-boy, só para causar uma boa impressão que logo após se tornou uma reverencia profunda: eu realmente me apaixonei pelo carinha e também por Tim Maia. Foi um tormento conciliar essa violência sentimental.

Mas voltando para o presente, a marginalização social pôs um bom gosto musical na minha ida para a faculdade. Foi estranho, pois os meus pés estavam no ritmo e a minha voz quase se transformou em segunda só para acompanhar aquele homem que pela sujeira e consequências de uma vida frustrada, se agarrou a uma camisa suada  para descer junto comigo na linha de chegada.


O caminho do bem...

                                           _Manuela Felix_

Cabeça



Dor é não saber o lugar certo. As armas estão passando, as tranças se desfazendo e a tatuagem extinta perde o sentido.

Uma batalha constante de e-mails que pretendo não responder e de ligações que nunca vou retornar. Quem não quiser aceitar, se afaste. Quem me quiser por perto, me subestime.

São jogos e escolhas das quais tenho a concretizar no solo árido do intocável. O olhar sobre os óculos vencidos.

“Ultimamente não estou falando nem comigo mesmo”, falou um grande amigo vindo de Alagoas tão extasiado para falar do destino que uniu, afastou, reclamou, me fez rir no ócio de uma tarde com temperaturas acima da minha impaciência.


Quero um pouco de frio. 


                                      _Manuela Felix_

Festival




Uma câmera perfeita com a luz incidente. Perguntas que se escolhem no calor do momento quando o entrevistado espera o seu melhor.

A voz dele me pergunta: “Você preparou alguma coisa?” e eu apenas respondo: ” Não, mas na hora eu vejo.” E ficamos ali rindo do improviso que tem dado muito certo.

O resultado está gravado na TV que traduz a nossa vontade para fazer a diferença ao criar algo novo.

Sejamos fogo a conservar um sonho vivo, pois quando a gente se olha com a certeza de que tudo foi bom é como se fosse a primeira vez de muitas coisas boas que virão. Uns sorrisos soltos pelo ar com pensamentos além da sanidade mental se encontram na vontade para realizar.


Acredite. 


                                   _Manuela Felix_

Apartamento




Uma tristeza no canto da cabeça me incomoda ao tombar na raiva excessiva contra os laços de sangue. Existe  angústia quando encontro um amigo cujo suor é o reflexo de toda minha cidade.

A esperança parasita de ditados populares sempre ecoa: sou a última que morre. Então vamos por aí esperando por algo que talvez nunca venha, nunca passe, nunca suporte.

Detesto a pureza hipócrita dos que louvam seus altares com o livro de Deus nas mãos. São olhos vazios de êxito e uma tormenta acalentada pela vontade imaginária.

Uma sala vazia me espera. Com um chão limpo, uma luz branca e umas boas ideias.


Construção. 


                                        _Manuela Felix_

Casa



Seja lá qual for o horário, gostaria de desejar ao caro leitor uma coisa boa, daquelas que se parece com um ‘bom dia’ sincero. Sei que alguns esperam a tradução em palavras subjetivas. Só tenho tido tempo de pensar no cansaço e no pouco tempo.

Mas quando o vi em pé com os olhos cheios de lágrimas, não bastava o som. Tinha medo, insegurança no ar, era como te ver online todos os dias. Espera-se uma atitude. Não darei esse gosto tão nordeste mais uma vez.

Era tão preto e branco como os pés que pousam na minha janela para sentir o vento frio da noite depois do calor nas 48 horas seguidas. Ainda percebo o mais forte fraquejar e o mais corajoso sentir que pode morrer a qualquer instante.

Isso tudo está em um livro solto como na alma feroz da insegurança. Encosto a cabeça no ônibus para mudar o caminho. Eu quero agir em contemplar a vida com uma paz no

mar.


                                         _Manuela Felix_


Letras



Uma sintonia perfeita no 171 da programação. O círculo das emoções é algo surpreendente. Quando pensei que iria começar, tudo se desfez em cascalhos na indecisão.

É corrente não acreditar em futuros de bondade e muito menos no reconhecimento. Uma mesa com algumas cadeiras foi o divisor amigável sem justificativa para mudança.

Alguns tentam me sentir, saber o que eu penso, me decifrar. Desejo-lhes boa sorte, pois o enigma é absurdo não sabendo eu demonstrar meus sentimentos.

As constantes chamadas em todas as redes sociais já me confirmam uma loucura aparente. É desapego com sobrecarga arrasada pelo inevitável compromisso.

Sem lógica alguma, descrevo algumas horas dos meus dias para esse leitor tão inquietante que não conheço, mas já admiro com o olhar que não vejo e de falar por ter sentido.


É claro.


                                      _Manuela Felix_

Beatles



Nessa semana de roda gigante, estive solta ao contemplar uma paisagem e me esquecendo da trajetória abaixo do sonho. Foi como sentar ao lado da incerteza e segurar o pranto sem acreditar no porquê da realidade.

Uma atmosfera pôde sentir que eu não era capaz de entender. As únicas palavras que podiam explicar a minha tristeza rolavam na face junto com a última descida na ladeira.

As buzinas, as luzes dos faróis e a trilha feita pelos carros não podiam e nem queriam saber o que eu sentia. Era tudo tão cruel e injusto que minha única opção foi abraçar o desconhecido e fechar a porta sem olhar para o adeus.


Let it be.


                                         _Manuela Felix_

Constante



Uma gruta envaidecida volta como o polegar do “eu nunca” para o mesmo lugar. As mesmas palavras, os gestos e exigências. Não tem nada de novo. Nada vai mudar.

Canso-me de pensar no acaso tão sombrio das temporalidades e com a mesma destreza competente do uso. Caminho pela esquerda e a única companhia é o vento frio e a luz distante das estrelas.

Já não é mais amor, nem desejo. Não é mais nada que vá além de um cotidiano mórbido com portas fechadas.

Não pense caro leitor que estou triste. É só um desabafo de situações passadas que só consegui compreender agora.


Re - leve.


                                      _Manuela Felix_

Usina



Com o roteiro de um novo filme na mão da criatividade, eu conheci Fabiano. Ele é um trabalhador rural que inspirou com esforço toda uma equipe. Vamos filmar o dia, as expressões do rosto molduradas em forma de lágrima. Tenho certeza que não serei mais a mesma até porque o meu dia é noite ensolarada.

Um desabafo, acusações onde não formulo respostas apenas leio sem voz e intenção. Um amigo em que se possa contar e outro amor interestadual, tão distante que a qualquer momento posso encontrar de malas desfeitas na porta da última chance.

Não existe lógica leitor. Isso é o que está acontecendo no meio do ar. É difícil chorar na frente do seu coordenador e dizer que não aguenta mais tantas mensagens, e-mails e uma pressão do ‘tanto faz’.

Mas a força está ai em mim, ai em você.



                                                           _Manuela Felix_

Um



Fiquei pensando em como escrever, mas não tive tempo, nem razão, nem forças suficientes para fazê-lo. São as escadas rolando, as ruas morrendo, um carro em silêncio e um novo lugar. Nunca me senti tão perdida como estou agora, em uma guerra tão minha.

São os olhos do destino e a colisão do momento com a falta de esperança. Sinto-me tão cansada por 2013. O suor diário escorre uma história silenciada. As linhas da página caem de acordo com

as batidas do mundo.



                                             

                                                      _Manuela Felix_

Ontem



Com um meio desfocado pela circunstância, cheguei em casa molhada pela piscina lavada pelo desapego. Foi um dia bom, com risadas, fotos engraçadas, conversas sinceras, uma saudade no peito, um sentimento que insiste em viver.

Uns dias tão loucos com a arte, a cultura, o design e os tons na conversa de jornalista. Além disso, tinha a cana-de-açúcar com uma tonalidade institucional e o solo alagoano que me faz crescer tanto.

Foram muitas discussões por causa de trabalhos, eventos e os laços que nos unem. São as diferenças. É o início, meio e fim das horas. Pude avaliar nas entrelinhas a impressão dos outros em desabafar.

Sei que alguns esperaram para que eu publicasse essa versão tão minha desse mundo tão nosso. Me perdoem leitores pela demora. Ando com a cabeça longe das letras, perto da inspiração, mas pensativa na certeza.


Expliquei tudo e sei que a clareza está longe das minhas palavras. 


                                           _Manuela Felix_

Sertão



Às vezes acreditamos na mudança do outro por ele mesmo. Às vezes nos perdemos pelas semanas e noites ao declarar uma força estranha. Às vezes nos pegamos lendo as linhas escritas por Manuela Felix e não sabemos muito bem o que ela tem a dizer. Talvez nada. Apenas leia.

Estava eu tentando acreditar que o passado não é mais presente, mas percebi que tudo está da maneira como deixei. O conflito permanece, as vontades antigas e o calor tão frio como o olhar que pousa sobre o presente.

Me encontro acordada na alma e pressionada no compromisso de cumprir os objetivos. É difícil e nesses momentos me lembro de um filme que quero fazer, de uma máquina de escrever no meio do nada, de uma xícara de chá, de sorrir.

Eu escolho a simplicidade.

Concordo que reatar os ânimos, tentar deixar tudo bem e seguir em frente tem sido uma constante. Não viveria sem aquela dor fina que atravessa as veias e toca os meus dedos.

Ando por sonhar com a casa e os bixinhos saltitantes na grama ressecada pelo clima tão nordeste

da minha imaginação.


                                                   _Manuela Felix_


Filme



Quando os olhos do destino encontram os meus passos assustados e presos ao sonho livre, a porta se abre. No oitavo andar eu vi mais do que paredes, cadeiras e um homem que fala, cria e toca a minha imaginação. Eu pude perceber outra dimensão de compostos irreais para pousar em algum segundo de paz.

Eu tenho medo de olhar para mim através das gotas do sol e ele percebe isso. Acho que me assusto em todas as tentativas, pois é tudo tão violento e incompreensível.

Caros leitores: essa sou eu com medo de algo em mim que quer sair e que quando sair vai ser difícil controlar e irresistível não perceber.

Me sento no canto da sala, querendo um pouco de silêncio no meu dia tão barulhento, com tantos telefones tocando, tantas notícias acontecendo e o jornalismo me mantando de tanto amor.

Evito encarar e presenciar. Entretanto, quando o sol nasce dentro da minha vida é difícil a sequência da morte. Eu tinha tanto para falar, mas estou esperando o momento certo para que a imagem traduza as palavras.


É um pulso de desejo pelos raios sobre a lagoa.


                                                  _Manuela Felix_

Fake



No momento presente estou cansada de uma semana intensa, corrida e apaixonante pela realização. Estou correndo para o meu passado todas as noites através de um perfil suspeito no Facebook. Ainda bem que o meu presente olha para trás e diz: “Manu tu já superou essa fase”.

Pois bem. É verdade. Entre sonhos loucos nas praias, entrevistas de estágios, matérias tecidas no interior estou aqui de portas abertas para o olhar critico do leitor desse blog.

Estou com as notas no alto da superação e converso com um amigo sobre o meu jeito de ser. Ele me critica, me aconselha, me ama e me adora. É bom brincar de gato e rato com os nossos sentimentos que vivem para olhar uma criança assustada dentro de nós.

Conviver com a família, deitar em um colchão de puro amor e olhar para minha mãe cheia de orgulho, sentir a felicidade nos cantos da vida como se fosse a primeira vez. Ai Deus como tem sido bom...


E ninguém sabe. 


                                             _Manuela Felix_

Anjo




Era um dia comum em frente ao computador de sono acumulado. Eram as típicas mensagens da manhã e os lembretes do e-mail. Não me causava mais dor, nem lembranças até a insistência do apego me pegar pelo cansaço.

Procurei conversar, entender, partilhar, esperar por uma mudança que não veio. Foi inútil se desculpar pelo passado. O presente nos aguarda um futuro distinto.

Desabafei com algumas pessoas queridas sobre todo o assunto e relembrei as histórias e situações já ditas. Não me trouxe um desapego. A vontade errada era certa de ilusão.

Por isso mandei uma resposta final pelo canto da ironia e questionamento. Foi sincero? Foi único? Foi verdadeiro? São respostas prontas do Google aprisionado que me aguardam.


Esperarei.


                                              _Manuela Felix_

Azar



A mensagem de whatsapp me acordou de um sonho bom que não entendo até o momento, mas se repete há algum tempo. Sabia que a 'sexta-feira 13' seria diferente. Havia um gosto de chuva no bolo frio e uma gota de pó nos pratos para lavar.

Foi tudo muito corrido quando dei conselhos nas primeiras horas do dia, me olhei no espelho, fiz uma combinação de roupas e dei ‘bom dia’. Não estava muito a fim de chegar atrasada, de me encontrar inteira com as aflições escondidas.

Um simples telefonema me agradeceu por uma matéria publicada; alguém sendo gentil apesar das circunstâncias que olham as máscaras caindo e o amor que se nega nascendo.

Senti vontade de existir e perder-me nesse mundo que para muitos se encontra em total desarmonia com os lugares, as fotos, os cabelos e os sotaques de todo esse país.


Seja belo enquanto houver, enquanto tiver, enquanto sempre. 



                                         _Manuela Felix_

Ambiente



A sala do pensamento recebeu visitas de angústias que passeiam pelo ar do medo com diálogos sutis e passos cansados. A cena estava no livro de todas as vidas inevitáveis ao nascer.

Eu estava calada. Suspensa pela vontade de ir para algum canto de solidão. É de manhã, mas não veio os pingos da chuva que ontem caiu. Não brilha, nem baila com alegria. Procurei a canção e ela não quis me ver.

Preciso da sua mão nesse momento para sair por aí e não pensar no sonho e no sofrimento. A manhã não me fez esquecer e o sol toca o muro das ideias com indecência governamental.


                                                         _Manuela Felix_


Começo



Para comemorar! Foi assim que o sol me acordou hoje em forma de despertador. São tantas dúvidas, tantos sonhos, filmes, livros. Tudo isso para alcançar a realidade e ganhar um som para marcar o vento.

Comecei com pé direito, mas tropecei e o esquerdo atenuou a queda. É tão doce a minha distração, mas cada um tem o seu recomeço. Não superei ainda as voltas do movimento em luz. Estou tomando banho de paz e leveza. De sombras claras.

Um bom dia, uma boa semana, uma boa guerra e um gosto de vitória para os sonhadores, para os que não cansam de continuar, para os que leem as minhas palavras e só começam a entender quando param de escutar.


                                             
  _Manuela Félix_



Apresentação




Não tenho nada pronto e nem de perto preparado. Sou da lei do improviso, da mistura, do destino, do inevitável. Gosto de ser gentil, mesmo quando escolhem por alguma razão, outro caminho.

Se afasto, me calo. Se ainda falo é porque me resta esperança na mudança. Porém, no dia que eu desistir, o meu silêncio será mais frio do que a sombra de muitos corações vazios e sozinhos nas pedras.

Alguns dizem que estou cansada, aflita e ando como se mundo fosse a guerra do meu interior. Poucos sabem porque eu vim e de onde irei. Eu mesma não sei direito. Por isso estou escrevendo, contornando, dando uma de alagoana e aproveitando para contemplar o mar.

Só peço: não me ignore se por algum instante eu me perder em teus olhos e falar coisas que não sei dizer. Isso é a tradução do desespero de não saber me traduzir em palavras e direcionar as ideias. É um tormento.


                                                          _Manuela Felix_

Telefone





De repente me voltei para o passado apenas com uma ligação. Revi momentos tristes e felizes, conversas, olhares sinceros e passos compartilhados.

Sim nós éramos amigos e chegamos a pensar que tudo seria para sempre e que nunca a distância podia vencer o que vivemos. Mas venceu. Por escolhas minhas e suas. Por passos do inevitável, eu estou aqui e você em algum lugar bom lembrando de coisas que eu já havia esquecido.

Falar contigo novamente foi como o soar dos ventos ao ouvir o teu perdão. Não guardo mágoas, só lembranças apagadas do passado, do presente e do futuro.

Essas são as surpresas do caminho: uma ligação que não se espera, um abraço apaixonado e um derramar de amor desconhecido. Isso tem feito toda a diferença.

Amo esse destino louco e sem nexo que se destoa na minha frente não querendo saber a minha opinião, mas simplesmente me toma nos braços e me cobre de ensinamentos. Eu chamei de destino. Entretanto, vou consertar. Isso é DEUS mesmo. 



                                                  _Manuela Félix_

#VEMPRARUA (um passado bem presente)



Os pombos estavam comendo as migalhas no chão. Eram os primeiros raios de sol. As malas faziam peso nas minhas costas. Entretanto, o meu pensamento estava leve. Era a felicidade de quem iluminou o descanso e acordou como a maioria dos que fazem essa nação. Reconhecemos: o gigante brasileiro é forte, impávido colosso.

Os cartazes, as caras pintadas, as vozes da revolta, as ruas que caminham nossos sonhos, a vergonha política, o descaso social e diga o verde-louro desta flâmula - paz no futuro e glória no passado. Mas, se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu não foge à luta. Nem teme.

Para muitos que governam o nosso Brasil, representamos apenas os votos contidos. Não somos vistos como povo, raça ou até mesmo seres humanos. Porém, continuemos a lutar, ir às ruas, acreditar na mudança. A insatisfação atual prova que esse é o momento para dar um fim a constante exploração que sofremos. 

Fazemos parte de um sonho intenso, um raio vívido de amor e esperança. O céu está formoso, risonho e límpido. A imagem do Cruzeiro procura resplandecer a própria natureza, pois és belo e o teu futuro espelha essa grandeza.


#VEMPRARUA!



                                                            _Manuela Felix_



P.S: FOTO - Protesto em Maceió-AL - 20/06/2013 (por Manuela Felix)



Unidas?



Olhei a borra de café que se abria pelo chão. Os detalhes do tapete perdiam a vida enquanto todos da sala riam, esbravejavam, viam televisão, se olhavam e se amavam apesar de tudo. Talvez seja algo que não se vê muito hoje, mas o que se pode fazer? É a família.

Em todas as épocas, contos e músicas, a união sempre fez a força clichê de simplesmente ser e ninguém pode contestar a pura verdade. Se Caetano, Gil ou Gal não estivessem unidos provavelmente não valeria a pena ouvir muitos dos tons brasileiros. Como sempre os laços de sangue, de culturas, de poder, de ódio ou amor em vão são rejeitados, pois nada pode impedir o inevitável triunfo.

Quando a II Guerra Mundial veio como as tempestades de eras e tempos em países e gerações, a comunidade internacional teve um súbito sentimento para manter a paz. A ideia de criar a Organização das Nações Unidas (ONU) veio através de um planejamento de anos, horas, hipocrisias e lágrimas com intenções fingidas.

A união de nações organizadas aprovou envio de rebeldes a Rússia, viu os próprios interesses econômicos e todas as palavras vindas dos vulcões do calabouço de toda podridão humana prevalecerem. Vidas foram sacrificadas, multinacionais enriqueceram, as plantações morreram, o comércio das armas continua e a guerra na Síria interrompe histórias, como a minha e a sua, de gente que só queria acreditar que o sonho é possível.

Onde está a paz? Onde está a verdadeira força? Onde está o pano para limpar o café que caiu no tapete da minha casa?


Estou procurando a resposta para tudo, mas o que posso fazer agora é escrever a tradução da minha inquietação para você. Ajude-me. 



                                              _Manuela Felix_
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