Cabeça



Dor é não saber o lugar certo. As armas estão passando, as tranças se desfazendo e a tatuagem extinta perde o sentido.

Uma batalha constante de e-mails que pretendo não responder e de ligações que nunca vou retornar. Quem não quiser aceitar, se afaste. Quem me quiser por perto, me subestime.

São jogos e escolhas das quais tenho a concretizar no solo árido do intocável. O olhar sobre os óculos vencidos.

“Ultimamente não estou falando nem comigo mesmo”, falou um grande amigo vindo de Alagoas tão extasiado para falar do destino que uniu, afastou, reclamou, me fez rir no ócio de uma tarde com temperaturas acima da minha impaciência.


Quero um pouco de frio. 


                                      _Manuela Felix_

Festival




Uma câmera perfeita com a luz incidente. Perguntas que se escolhem no calor do momento quando o entrevistado espera o seu melhor.

A voz dele me pergunta: “Você preparou alguma coisa?” e eu apenas respondo: ” Não, mas na hora eu vejo.” E ficamos ali rindo do improviso que tem dado muito certo.

O resultado está gravado na TV que traduz a nossa vontade para fazer a diferença ao criar algo novo.

Sejamos fogo a conservar um sonho vivo, pois quando a gente se olha com a certeza de que tudo foi bom é como se fosse a primeira vez de muitas coisas boas que virão. Uns sorrisos soltos pelo ar com pensamentos além da sanidade mental se encontram na vontade para realizar.


Acredite. 


                                   _Manuela Felix_

Apartamento




Uma tristeza no canto da cabeça me incomoda ao tombar na raiva excessiva contra os laços de sangue. Existe  angústia quando encontro um amigo cujo suor é o reflexo de toda minha cidade.

A esperança parasita de ditados populares sempre ecoa: sou a última que morre. Então vamos por aí esperando por algo que talvez nunca venha, nunca passe, nunca suporte.

Detesto a pureza hipócrita dos que louvam seus altares com o livro de Deus nas mãos. São olhos vazios de êxito e uma tormenta acalentada pela vontade imaginária.

Uma sala vazia me espera. Com um chão limpo, uma luz branca e umas boas ideias.


Construção. 


                                        _Manuela Felix_

Casa



Seja lá qual for o horário, gostaria de desejar ao caro leitor uma coisa boa, daquelas que se parece com um ‘bom dia’ sincero. Sei que alguns esperam a tradução em palavras subjetivas. Só tenho tido tempo de pensar no cansaço e no pouco tempo.

Mas quando o vi em pé com os olhos cheios de lágrimas, não bastava o som. Tinha medo, insegurança no ar, era como te ver online todos os dias. Espera-se uma atitude. Não darei esse gosto tão nordeste mais uma vez.

Era tão preto e branco como os pés que pousam na minha janela para sentir o vento frio da noite depois do calor nas 48 horas seguidas. Ainda percebo o mais forte fraquejar e o mais corajoso sentir que pode morrer a qualquer instante.

Isso tudo está em um livro solto como na alma feroz da insegurança. Encosto a cabeça no ônibus para mudar o caminho. Eu quero agir em contemplar a vida com uma paz no

mar.


                                         _Manuela Felix_


Letras



Uma sintonia perfeita no 171 da programação. O círculo das emoções é algo surpreendente. Quando pensei que iria começar, tudo se desfez em cascalhos na indecisão.

É corrente não acreditar em futuros de bondade e muito menos no reconhecimento. Uma mesa com algumas cadeiras foi o divisor amigável sem justificativa para mudança.

Alguns tentam me sentir, saber o que eu penso, me decifrar. Desejo-lhes boa sorte, pois o enigma é absurdo não sabendo eu demonstrar meus sentimentos.

As constantes chamadas em todas as redes sociais já me confirmam uma loucura aparente. É desapego com sobrecarga arrasada pelo inevitável compromisso.

Sem lógica alguma, descrevo algumas horas dos meus dias para esse leitor tão inquietante que não conheço, mas já admiro com o olhar que não vejo e de falar por ter sentido.


É claro.


                                      _Manuela Felix_

Beatles



Nessa semana de roda gigante, estive solta ao contemplar uma paisagem e me esquecendo da trajetória abaixo do sonho. Foi como sentar ao lado da incerteza e segurar o pranto sem acreditar no porquê da realidade.

Uma atmosfera pôde sentir que eu não era capaz de entender. As únicas palavras que podiam explicar a minha tristeza rolavam na face junto com a última descida na ladeira.

As buzinas, as luzes dos faróis e a trilha feita pelos carros não podiam e nem queriam saber o que eu sentia. Era tudo tão cruel e injusto que minha única opção foi abraçar o desconhecido e fechar a porta sem olhar para o adeus.


Let it be.


                                         _Manuela Felix_

Constante



Uma gruta envaidecida volta como o polegar do “eu nunca” para o mesmo lugar. As mesmas palavras, os gestos e exigências. Não tem nada de novo. Nada vai mudar.

Canso-me de pensar no acaso tão sombrio das temporalidades e com a mesma destreza competente do uso. Caminho pela esquerda e a única companhia é o vento frio e a luz distante das estrelas.

Já não é mais amor, nem desejo. Não é mais nada que vá além de um cotidiano mórbido com portas fechadas.

Não pense caro leitor que estou triste. É só um desabafo de situações passadas que só consegui compreender agora.


Re - leve.


                                      _Manuela Felix_
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