Sertão



Às vezes acreditamos na mudança do outro por ele mesmo. Às vezes nos perdemos pelas semanas e noites ao declarar uma força estranha. Às vezes nos pegamos lendo as linhas escritas por Manuela Felix e não sabemos muito bem o que ela tem a dizer. Talvez nada. Apenas leia.

Estava eu tentando acreditar que o passado não é mais presente, mas percebi que tudo está da maneira como deixei. O conflito permanece, as vontades antigas e o calor tão frio como o olhar que pousa sobre o presente.

Me encontro acordada na alma e pressionada no compromisso de cumprir os objetivos. É difícil e nesses momentos me lembro de um filme que quero fazer, de uma máquina de escrever no meio do nada, de uma xícara de chá, de sorrir.

Eu escolho a simplicidade.

Concordo que reatar os ânimos, tentar deixar tudo bem e seguir em frente tem sido uma constante. Não viveria sem aquela dor fina que atravessa as veias e toca os meus dedos.

Ando por sonhar com a casa e os bixinhos saltitantes na grama ressecada pelo clima tão nordeste

da minha imaginação.


                                                   _Manuela Felix_


Filme



Quando os olhos do destino encontram os meus passos assustados e presos ao sonho livre, a porta se abre. No oitavo andar eu vi mais do que paredes, cadeiras e um homem que fala, cria e toca a minha imaginação. Eu pude perceber outra dimensão de compostos irreais para pousar em algum segundo de paz.

Eu tenho medo de olhar para mim através das gotas do sol e ele percebe isso. Acho que me assusto em todas as tentativas, pois é tudo tão violento e incompreensível.

Caros leitores: essa sou eu com medo de algo em mim que quer sair e que quando sair vai ser difícil controlar e irresistível não perceber.

Me sento no canto da sala, querendo um pouco de silêncio no meu dia tão barulhento, com tantos telefones tocando, tantas notícias acontecendo e o jornalismo me mantando de tanto amor.

Evito encarar e presenciar. Entretanto, quando o sol nasce dentro da minha vida é difícil a sequência da morte. Eu tinha tanto para falar, mas estou esperando o momento certo para que a imagem traduza as palavras.


É um pulso de desejo pelos raios sobre a lagoa.


                                                  _Manuela Felix_

Fake



No momento presente estou cansada de uma semana intensa, corrida e apaixonante pela realização. Estou correndo para o meu passado todas as noites através de um perfil suspeito no Facebook. Ainda bem que o meu presente olha para trás e diz: “Manu tu já superou essa fase”.

Pois bem. É verdade. Entre sonhos loucos nas praias, entrevistas de estágios, matérias tecidas no interior estou aqui de portas abertas para o olhar critico do leitor desse blog.

Estou com as notas no alto da superação e converso com um amigo sobre o meu jeito de ser. Ele me critica, me aconselha, me ama e me adora. É bom brincar de gato e rato com os nossos sentimentos que vivem para olhar uma criança assustada dentro de nós.

Conviver com a família, deitar em um colchão de puro amor e olhar para minha mãe cheia de orgulho, sentir a felicidade nos cantos da vida como se fosse a primeira vez. Ai Deus como tem sido bom...


E ninguém sabe. 


                                             _Manuela Felix_

Anjo




Era um dia comum em frente ao computador de sono acumulado. Eram as típicas mensagens da manhã e os lembretes do e-mail. Não me causava mais dor, nem lembranças até a insistência do apego me pegar pelo cansaço.

Procurei conversar, entender, partilhar, esperar por uma mudança que não veio. Foi inútil se desculpar pelo passado. O presente nos aguarda um futuro distinto.

Desabafei com algumas pessoas queridas sobre todo o assunto e relembrei as histórias e situações já ditas. Não me trouxe um desapego. A vontade errada era certa de ilusão.

Por isso mandei uma resposta final pelo canto da ironia e questionamento. Foi sincero? Foi único? Foi verdadeiro? São respostas prontas do Google aprisionado que me aguardam.


Esperarei.


                                              _Manuela Felix_

Azar



A mensagem de whatsapp me acordou de um sonho bom que não entendo até o momento, mas se repete há algum tempo. Sabia que a 'sexta-feira 13' seria diferente. Havia um gosto de chuva no bolo frio e uma gota de pó nos pratos para lavar.

Foi tudo muito corrido quando dei conselhos nas primeiras horas do dia, me olhei no espelho, fiz uma combinação de roupas e dei ‘bom dia’. Não estava muito a fim de chegar atrasada, de me encontrar inteira com as aflições escondidas.

Um simples telefonema me agradeceu por uma matéria publicada; alguém sendo gentil apesar das circunstâncias que olham as máscaras caindo e o amor que se nega nascendo.

Senti vontade de existir e perder-me nesse mundo que para muitos se encontra em total desarmonia com os lugares, as fotos, os cabelos e os sotaques de todo esse país.


Seja belo enquanto houver, enquanto tiver, enquanto sempre. 



                                         _Manuela Felix_

Ambiente



A sala do pensamento recebeu visitas de angústias que passeiam pelo ar do medo com diálogos sutis e passos cansados. A cena estava no livro de todas as vidas inevitáveis ao nascer.

Eu estava calada. Suspensa pela vontade de ir para algum canto de solidão. É de manhã, mas não veio os pingos da chuva que ontem caiu. Não brilha, nem baila com alegria. Procurei a canção e ela não quis me ver.

Preciso da sua mão nesse momento para sair por aí e não pensar no sonho e no sofrimento. A manhã não me fez esquecer e o sol toca o muro das ideias com indecência governamental.


                                                         _Manuela Felix_


Começo



Para comemorar! Foi assim que o sol me acordou hoje em forma de despertador. São tantas dúvidas, tantos sonhos, filmes, livros. Tudo isso para alcançar a realidade e ganhar um som para marcar o vento.

Comecei com pé direito, mas tropecei e o esquerdo atenuou a queda. É tão doce a minha distração, mas cada um tem o seu recomeço. Não superei ainda as voltas do movimento em luz. Estou tomando banho de paz e leveza. De sombras claras.

Um bom dia, uma boa semana, uma boa guerra e um gosto de vitória para os sonhadores, para os que não cansam de continuar, para os que leem as minhas palavras e só começam a entender quando param de escutar.


                                             
  _Manuela Félix_



Tecnologia do Blogger.