Ambiente



A sala do pensamento recebeu visitas de angústias que passeiam pelo ar do medo com diálogos sutis e passos cansados. A cena estava no livro de todas as vidas inevitáveis ao nascer.

Eu estava calada. Suspensa pela vontade de ir para algum canto de solidão. É de manhã, mas não veio os pingos da chuva que ontem caiu. Não brilha, nem baila com alegria. Procurei a canção e ela não quis me ver.

Preciso da sua mão nesse momento para sair por aí e não pensar no sonho e no sofrimento. A manhã não me fez esquecer e o sol toca o muro das ideias com indecência governamental.


                                                         _Manuela Felix_


Começo



Para comemorar! Foi assim que o sol me acordou hoje em forma de despertador. São tantas dúvidas, tantos sonhos, filmes, livros. Tudo isso para alcançar a realidade e ganhar um som para marcar o vento.

Comecei com pé direito, mas tropecei e o esquerdo atenuou a queda. É tão doce a minha distração, mas cada um tem o seu recomeço. Não superei ainda as voltas do movimento em luz. Estou tomando banho de paz e leveza. De sombras claras.

Um bom dia, uma boa semana, uma boa guerra e um gosto de vitória para os sonhadores, para os que não cansam de continuar, para os que leem as minhas palavras e só começam a entender quando param de escutar.


                                             
  _Manuela Félix_



Apresentação




Não tenho nada pronto e nem de perto preparado. Sou da lei do improviso, da mistura, do destino, do inevitável. Gosto de ser gentil, mesmo quando escolhem por alguma razão, outro caminho.

Se afasto, me calo. Se ainda falo é porque me resta esperança na mudança. Porém, no dia que eu desistir, o meu silêncio será mais frio do que a sombra de muitos corações vazios e sozinhos nas pedras.

Alguns dizem que estou cansada, aflita e ando como se mundo fosse a guerra do meu interior. Poucos sabem porque eu vim e de onde irei. Eu mesma não sei direito. Por isso estou escrevendo, contornando, dando uma de alagoana e aproveitando para contemplar o mar.

Só peço: não me ignore se por algum instante eu me perder em teus olhos e falar coisas que não sei dizer. Isso é a tradução do desespero de não saber me traduzir em palavras e direcionar as ideias. É um tormento.


                                                          _Manuela Felix_

Telefone





De repente me voltei para o passado apenas com uma ligação. Revi momentos tristes e felizes, conversas, olhares sinceros e passos compartilhados.

Sim nós éramos amigos e chegamos a pensar que tudo seria para sempre e que nunca a distância podia vencer o que vivemos. Mas venceu. Por escolhas minhas e suas. Por passos do inevitável, eu estou aqui e você em algum lugar bom lembrando de coisas que eu já havia esquecido.

Falar contigo novamente foi como o soar dos ventos ao ouvir o teu perdão. Não guardo mágoas, só lembranças apagadas do passado, do presente e do futuro.

Essas são as surpresas do caminho: uma ligação que não se espera, um abraço apaixonado e um derramar de amor desconhecido. Isso tem feito toda a diferença.

Amo esse destino louco e sem nexo que se destoa na minha frente não querendo saber a minha opinião, mas simplesmente me toma nos braços e me cobre de ensinamentos. Eu chamei de destino. Entretanto, vou consertar. Isso é DEUS mesmo. 



                                                  _Manuela Félix_

#VEMPRARUA (um passado bem presente)



Os pombos estavam comendo as migalhas no chão. Eram os primeiros raios de sol. As malas faziam peso nas minhas costas. Entretanto, o meu pensamento estava leve. Era a felicidade de quem iluminou o descanso e acordou como a maioria dos que fazem essa nação. Reconhecemos: o gigante brasileiro é forte, impávido colosso.

Os cartazes, as caras pintadas, as vozes da revolta, as ruas que caminham nossos sonhos, a vergonha política, o descaso social e diga o verde-louro desta flâmula - paz no futuro e glória no passado. Mas, se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu não foge à luta. Nem teme.

Para muitos que governam o nosso Brasil, representamos apenas os votos contidos. Não somos vistos como povo, raça ou até mesmo seres humanos. Porém, continuemos a lutar, ir às ruas, acreditar na mudança. A insatisfação atual prova que esse é o momento para dar um fim a constante exploração que sofremos. 

Fazemos parte de um sonho intenso, um raio vívido de amor e esperança. O céu está formoso, risonho e límpido. A imagem do Cruzeiro procura resplandecer a própria natureza, pois és belo e o teu futuro espelha essa grandeza.


#VEMPRARUA!



                                                            _Manuela Felix_



P.S: FOTO - Protesto em Maceió-AL - 20/06/2013 (por Manuela Felix)



Unidas?



Olhei a borra de café que se abria pelo chão. Os detalhes do tapete perdiam a vida enquanto todos da sala riam, esbravejavam, viam televisão, se olhavam e se amavam apesar de tudo. Talvez seja algo que não se vê muito hoje, mas o que se pode fazer? É a família.

Em todas as épocas, contos e músicas, a união sempre fez a força clichê de simplesmente ser e ninguém pode contestar a pura verdade. Se Caetano, Gil ou Gal não estivessem unidos provavelmente não valeria a pena ouvir muitos dos tons brasileiros. Como sempre os laços de sangue, de culturas, de poder, de ódio ou amor em vão são rejeitados, pois nada pode impedir o inevitável triunfo.

Quando a II Guerra Mundial veio como as tempestades de eras e tempos em países e gerações, a comunidade internacional teve um súbito sentimento para manter a paz. A ideia de criar a Organização das Nações Unidas (ONU) veio através de um planejamento de anos, horas, hipocrisias e lágrimas com intenções fingidas.

A união de nações organizadas aprovou envio de rebeldes a Rússia, viu os próprios interesses econômicos e todas as palavras vindas dos vulcões do calabouço de toda podridão humana prevalecerem. Vidas foram sacrificadas, multinacionais enriqueceram, as plantações morreram, o comércio das armas continua e a guerra na Síria interrompe histórias, como a minha e a sua, de gente que só queria acreditar que o sonho é possível.

Onde está a paz? Onde está a verdadeira força? Onde está o pano para limpar o café que caiu no tapete da minha casa?


Estou procurando a resposta para tudo, mas o que posso fazer agora é escrever a tradução da minha inquietação para você. Ajude-me. 



                                              _Manuela Felix_

Cadeira



Estava comendo umas coisas engraçadas que se chamam calorias. Depois que dias cansativos e exaustos de toda cólera gotejante pairavam sobre o ar da sobrevivência, resolvi dormir.

Sonhei nas coisas lindas e feias que nos rodeiam as palavras sangrentas com os passos da madrugada solta em uivos dos lobos adormecidos e o mar da vida sombrio, assustador, profundo e belo.

Queria informar que os meus sonhos não são tão bonitos e não existem ideais, mas sim ilusões projetadas com expectativas tolas.

Não se engane pela lua ou pelo vento do som em meio ao barulho. O meu coração está preso e as feras se escondem por trás de muitos sorrisos.

As correntes que prendem os pensantes são as mesmas que soltam as horas de extensões geniais.


Faça-me crer que é possível e não se engane por causa das contas de luz. 



                                                     _Manuela Felix_
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