Diário



Dentro do local, eu lia Ricardo Noblat e aguardava a minha vez. O clima de Copa do Mundo perdeu a beleza com a derrota da seleção brasileira. O luto vestia verde e amarelo.

Sobre o meu aniversário - que foi no dia 30 de junho -  restaram presentes, amigos, abraços, sorrisos, bolos e quilos a mais. Uma ligação me fez chorar. Faz parte.

Devido aos problemas com o computador, a blogueira aqui não fez mais postagens e escrevia na imaginação possíveis textos sobre pintura alagoana. Pensei que não ia conseguir desenvolver o assunto de um lugar que mal conheço. Ou penso não conhecer.

Nas horas vagas dessas férias, vou seguir na crença de que a alegria tem um jeito doce de permanecer comigo. O sorriso largado vai incomodar os corações aflitos, as notícias sem apuração, os olhares desafiadores e a fúria calma da falsidade diária.

Calada estou e me pergunto: “de onde tiro forças para suportar isso?"


                                                           _Manuela Felix_

People




Percebi o quanto crescemos e o muito conquistado. A negra olhava uma placa que dizia “Venha para a melhor de Alagoas”, e eu me questionava: será que esse é o melhor lugar?

Bem: quando cheguei não conhecia ninguém, nem a mim mesma. A ciência conquistou e os conflitos diários se moldaram aos momentos felizes que viriam. O cinza turístico foi substituído pelo azul e vermelho de uma bandeira desvalorizada.


Conheci municípios, famílias, casas, amigos e dores. Tudo isso aqui onde estou. Calma é saber da construção que valeu a pena. Suspeito pensar na volta ao passado. Agora, só penso em ir.


No ônibus tocava The Beatles e as ruas em verde e amarelo ofuscam os meus pés cansados da Copa do Mundo.


Julho já vai chegar.


                                         _Manuela Felix_

Newspaper





A notícia é aquela temperatura social que contagia os nossos pensamentos e intuições. 
Sua objetividade é a fórmula para nos “informar” em cotidianos caóticos onde comemos 
de mãos vazias e pés sem destino. O sistema opressor molda a nossa
 personalidade influenciável. Mas isso já é demais para se admitir. 

Os vários meios - como jornais, revistas, sites, blog’s e telejornais - querem e conseguem traçar as nossas atitudes. Como ser independente? Como ver a sociedade sendo tratada como igual? Como olhar no espelho do passado, entender o presente e ter esperança no futuro?

Minha mãe na sala assiste o jogo do Brasil e meu pai faz uma "média" culinária. Eu escolho a roupa para sair em horas úteis, longe das saias transparentes e do batom vermelho. Discordâncias vivem dentro e fora da primeira pessoa do singular. 

Me. 


                                            _Manuela Felix_




Quase



A mulher tinha cabelo vermelho, vestido florido, olhos cansados, trinta centavos nas mãos e o desejo de ter um pão. A pobreza estava presente, porém a minha carteira tinha 50 reais. Talvez eu seja rica, mas tenho faturas para pagar. Será que vou ter trinta centavos para comprar pão?

Enquanto isso, pego uma carona no posto 7 - em Maceió -  em direção a um lugar que não conheço. O estresse faz com que tenhamos atitudes extremas. Realmente, o objetivo era sumir às 2h da manhã para o nível celestial e ver o mar quando me colocavam contra a parede.

O beijo na testa me fez pensar: isso é ser feliz? Não sei, pois uma melodia toca dentro de mim como um lamento sertanejo. Por ser lá do sertão, lá do cerrado, lá do interior do mato ou do roçado, eu quase não consigo ficar na cidade sem viver contrariada.

Na certa, prefiro falar limitadamente e saber pouco dessa multidão.


Gilberto, Gil...

                                    _Manuela Felix_



Song



Tentei de todas as formas e não consegui baixar o aplicativo. A memória do celular geralmente é menor que o dinheiro restante no fim do mês. Tive que excluir algumas fotos antigas, uns vídeos engraçados e algumas músicas históricas. Mas, por fim, fiz o download do app.

É mais fácil coordenar a importância tecnológica do que uma vida em chamas. Como ter mais tempo para dormir? Como direcionar a sua habilidade teórica com a consciência prática dos últimos acontecimentos?Como sorrir enquanto dobro a esquina de breve adeus?Respondam-me leitores. Por favor.

Às vezes, esqueço que tenho bons livros, café, coisas para organizar e bons motivos para acordar de manhã. Além disso, perco a noção de que trabalho em um lugar que amo com pessoas igualmente amáveis e que tenho amigos para rir das maiores idiotices e para estarem comigo nas horas mais difíceis. O que eu tenho mesmo são aqueles momentos inesquecíveis e sonhos para realizar.

Então, escolho transformar todas as coisas ruins em suavidade poética.

Sempre.

                                        _Manuela Felix_

Plural




Somos todos iguais e juntos podemos fazer coisas incríveis. Acreditem: o dia estava claro quando um amigo distante me ligou. Eu ri e chorei no mesmo instante. Foi como voltar ao interior e sentar na margem cheia de vida.

Nesses momentos a criatividade foi embora e encontrou alguém de óculos ray-ban, camisas estilosas, aparelhos nos dentes e codinome "dois reais". Estar com ele é recomeçar. Essencialmente.

A personagem é alegre, gosta de flores, tem a mania da perfeição e se sente livre no meio do campo. A revista plural vem aí e isso é tudo culpa da mídia em meio à semana de moda. Eu fiquei sabendo em uma conversa de jornalista.  


SomMar.

                                   _Manuela Felix_




Trabalho



São dessas tardes que vivo falando. Enquanto caminhamos em conversas sem fim, as entrelinhas se diluem para os cantos do novo lar. Uma estrada com duas rodas por onde rastejam os objetivos.

Isso acontece quando escolho valorizar o sono e as horas em que a minha cabeça pousa sobre o travesseiro pelo som da chuva seca. Os favos de mel nos carros, as pessoas pela rua e a desistência. Faltam estratégias e não tenho mais argumentos.

Uma revista está surgindo e vários eventos se aproximam. É tudo tão escuro dentro de mim como uma sombra cansada nos jardins espaciais. A coragem se foi, mas a música é a trilha no ônibus desconhecido.

O encontro vem aí. How can you mend a broken heart?

Pensei.

                            _Manuela Felix_
Tecnologia do Blogger.