Belchior



Nós éramos jovens. Um dia, enquanto caminhava pelo bairro da Várzea, eu o conheci: anjo de sorriso tímido, amizade sincera e com vida em afogados.

E o ser celestial se encontrou comigo na varanda de uma rua colorida. Depois daquele instante não seriamos mais os mesmos. Por isso, cuidado meu bem. Há perigo na esquina sob a luz das estrelas.

Ele veio para o lugar onde moro e sei de tudo na ferida viva do meu coração. Faz tempo que te vi e essa lembrança é o quadro que dói mais.

Apesar de termos feito tudo o que fizemos, as aparências não podem enganar durante as estações. Talvez eu ame o passado e não consiga ver que o novo sempre vem.

Estamos sentados em cada lado nordestino. É o que se fez o seu lábio, o seu braço e a sua voz consciente de uma nova juventude. E por medo de avião eu não disse


adeus.

                                       _Manuela Felix_

Neon




Sons me fizeram esquecer. O chão pulsante e as vozes de um lugar inesquecível. As luzes ainda estão dentro de mim e o sol no outro dia que nasceu.

São duas semanas agitadas por uma agenda completa, bloquinhos com anotações, eventos que vão acontecer e uma mente pequena para tantos pensamentos.

Não os deixei e muito menos esqueci. Talvez precise estruturar e seguir em frente, como sempre. É louco ver o menino correndo e as vontades se modificando.

Tudo é possível. Até porque Deus não usa o homem para mudar as circunstâncias, mas sim as circunstâncias para mudar o homem. Foi isso que escutei na igreja enquanto recuperava as forças da noite anterior.

Dance.



                                                   _Manuela Felix_

Thayná



Não tenho boas lembranças, pois sobraram migalhas de atenção. Família é algo dito precioso, base social que respira sobrenomes e laços de sangue. Sem destino. Sem caminho certo pra voltar.

A distância entre irmãos acalma os quartos silenciosos. A aparente ironia de um canto, sorrindo em preto e branco, na paisagem do Rio. Que o amor não vá embora.

Hoje pode ser teu aniversário e, de última hora, alguém faz um vídeo com a música que você compôs. Nas imagens têm-se uma autoria conhecida. São as despedidas que se evitam durante uma visita breve.

                                                                              _Manuela Felix_


Assista:                                       




De Ricardo para a irmã Thayná:

" Surpresa! Hoje é aniversário da minha irmã, Thayná Oliveira. Para comemorar essa data decidi de última hora fazer um vídeo para uma das músicas que ela gravou em seu CD. As imagens foram feitas por mim (mesmo sem ela querer rsrs) durante uma visita dela, no Rio de Janeiro, em 2012. Já faz um tempo, mas, nas nossas despedidas, sempre desejo que esse nosso amor "Não Vá Embora"... Te Amo! Espero que goste do clipe."

Bossa Nova



Dediquei o tempo à nova rotina. Estou levantando mais cedo com pensamentos rápidos. Uma orientação para o norte das faces cansadas que acordam às 6h.

O horário está apertado, mas felicidade é algo especial. Talvez essa seja a chance no lugar que eu esperava.

Agora existe a formatura, telefones tocando e um café frio em cima da mesa. É o olhar distraído combinando encontros sem inspiração.

E eu que era triste ao encontrar pude conhecer. Porque meu coração bate feliz quando te vê. E os meus olhos ficam sorrindo pelas ruas. Mas mesmo assim foges de mim.

Água de beber.



                        _Manuela Felix_

Survivor




Porque você precisa colocar as flores na cabeça, falar com sinceridade, dar um fim nos monstros do passado, tentar fazer a melhor maquiagem e vestir sua fantasia enquanto a multidão tira fotos do seu sorriso e da sua luz.

É necessário aprender que nada é para sempre. Talvez você possa sentar na grama verde de algum lugar bonito e ouvir o vento dar risada à toa. Acredite que uma simples carona pode mudar sua vida e um cachorro feliz te proporciona paz.

Ao seu lado, na hora do almoço, podem estar anjos te ensinando sobre a leveza no caminho. Os telhados esculturais são lindos e uma alegria pode chegar após o sofrimento momentâneo. Suba na plataforma e ouça as crianças te chamando. As cores pintam seu medo cinza. 

Aquele livro ainda quer ser lido, aquela roupa ainda quer ser desenhada, aquela chance ainda vai acontecer. Você precisa saber da sobrevivência em músicas que te fazem chorar.

Levanta e recomeça.

                                              _Manuela Felix_

Jornais




Estou em guerra com o lead, o gênero informativo e o jornalismo piegas sem profundidade. É tão automático escrever sobre os assuntos cotidianos, que usar da originalidade textual se tornou uma ofensa.

Então vamos nos entregar as linhas editoriais vendidas e a falta de cérebro em nossas mentes monopolizadas. Quem sabe assim nós seremos aceitos? Leitores, isso é só um desabafo de quem percebe a morte se comunicando todos os dias com o padeiro da esquina.

Casais sem-teto dormem sujos de mãos dadas na rua que passei para uma entrevista de estágio. Por um segundo pensei que o amor pode ir além das brigas pelo Skype.

E assim a semana caminha para o Carnaval que nunca saiu de


mim. 


                                _Manuela Felix_

Years




“Sua vida só vai mudar quando você começar a acreditar”. A frase - dita por uma amiga negra de sorriso reluzente - me fez pedir a Deus mais fé, força, amor e alguma coisa que não se traduz em palavras. Mas que provavelmente preciso também.

Confesso: não tenho como revelar o desespero quando nada mais te abala, nem mesmo os belos sorrisos e os fortes abraços. Nada toca a sua alma, pois você está oco pela dor.

Observar as crianças sendo adultas com as vozes do último verão. Perceber que os animais correm para as bolas coloridas nos espaços induzidos. Ainda bem que os meus olhos não se afastaram completamente da sensibilidade.

É sobre isso que escrevo, enquanto trabalho para um futuro onde os pés vivem nas trilhas de múltiplas línguas.


Não comprei a minha mochila.


                                   _Manuela Felix_

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